A chuva

Um cinza frio cobre a cidade de norte a sul, é um prenúncio, uma recado para que se fechem as janelas. Quando a primeira gota cai e estoura nos asfalto um artifício, como aqueles de dia de ano, o mundo todo se molha nele. É um estouro translúcido, genuinamente pureza A água viaja de uma abóbada estrelada, se torna dia, conheceu o cinza, o azul e finalmente estourou no fim. Quando o homem chora também chove dele uma gota. Ela se desprende do cinza, percorre o azul e estoura no fim. O homem é pura chuva, uma chuva horizontal, que não cai, desliza… Assim como a gota de chuva traz em si o todo pelo qual passou, o homem também absorve tudo por onde passou e quando morremos também estouramos em fogos brancos e translúcidos, e como a água ganhamos outra função, como a água, enquanto percorríamos nosso caminho nosso ideal era a interação, quando estouramos no final da jornada, nosso ideal se transforma, passamos a ser entes internos da formação do mundo, e como a água que passa a alimentar o fundo das terras, passamos a alimentar o fundo dos corações.

 

 

Welder Andrade

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