eu mer pergunto: quanta falta faz?
“…Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda…” Cecília Meireles
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E quando o homem não for mais livre, e suas asas se fecharem completamente, o último grito de saudade ecoará, relembrando os tempos em que as armas eram de pau, beleza era ser são, e poesia era educação. Welder Andrade
Estou esperando soprar em meu ouvido palavras bonitas, para que com carinho eu as derrame com a tinta no papel. Espero muito paciente que elas nadem por entre as linhas, suspirem de felicidade e morram de poesia!
Welder Andrade
E quando digo que a sinceridade as vezes é má amiga, as pessoas estranham, ah, por favor, elas acabam de faltar com a sinceridade!
Welder Andrade
Quanto aos amigos
O amigo é um espaço perdido no tempo
Um tempo que me ocupa um imenso espaço
Amigo é esse grãozinho de areia, que me entope a garganta.
Que me faz querer esquecer o espaço
Que me faz querer voltar o tempo.
Welder Andrade
Quatro linhas de saudade
Oque que eu faço com essa saudade?
Essa pedrinha dentro da jugular.
Que quando pulsa o sangue,
Só ti me faço lembrar!
Welder Andrade
A poesia
Eu sempre procurei um sentido, uma explicação que me desvendasse o motivo pelo qual a poesia me fascina mais que a prosa, sendo que aí, lendo Mário Quintana, o meu mais querido encantador de palavras, me disse o que eu sempre senti, mas nunca consegui expresar.
“Meu caro poeta,
Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola tracada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito. Todo poema é, para mim, uma interjeição ampliada; algo de instintivo, carregado de emoção.” ( Mário Quintana)
Welder Andrade
No mundo do exagero o simples faz mais sentido
Hoje mais cedo, me deparei com Lispector novamente, uma epifania, quem diria. Isso tudo que olhamos caminha tão exageradamente, que as derivadas de ‘amor’ cairam nas graças de qualquer situação. O exagero já está tão comum que o simples caiu na graças dos “cults’. Mas o que há de cult em ser simples… ser simples é tão simples, no mais profundo teor dessa palavra, e como as palavras tem teor, sentido profundidade. Vejam só Clarice Lispector, era tão simples em sua palavra, mas tão profunda, cheia de sentido e circunstâncias, com caminhos trilhados entre as mais suvaes emoções e as mais explosivas epifanias.
Welder Andrade
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“Nesta hora exata, Macabéa sente um fundo enjôo de estômago e quase vomitou, queria vomitar o que não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas. O que é que eu estou vendo agora é e que me assusta? Vejo que ela vomitou um pouco de sangue, vasto espasmo, enfim o âmago tocando no âmago: vitória! E então – então o súbito grito estertorado de uma gaivota, de repente a águia voraz erguendo para os altos ares a ovelha tenra, o macio gato estraçalhando um rato sujo e qualquer, a vida come a vida. ” ( C. Lispector – A Hora da Estrela)
Vida, limões, sucos, entreveiros e afins
“Se a vida lhe der um limão, faça uma limonada”
_ Vida,tem açúcar?
_ Não.- disse ela – se quiser mel meu bem, nasce abelha.
_ Que maravilha. – respondo eu torcendo olho enquanto engulo.