Desejo e sofrimento

novembro 9, 2008 - Leave a Response

Disse Schopenhauer que há maior causa dos nossos sofrimentos é o desejo. Faz bastante sentido pra mim, já  que quando se deseja muito, a frustração pode ser bem maior, como diria minha mãe: quem muito quer, pouco tem! Quanto a isso, penso ser relativo, o quanto é muito para você ou para mim? E é bem aí, que na minha interpretação Schopenhauer acertou na mosca.

Não é difícil ver pessoas que não sofrem, entre as possíveis hipóteses para tanta alegria, deve estar: essa pessoa não deseja, essa pessoa deseja pouco e por isso não se frustra, ou por fim o objeto do seu desejo também ‘ a deseja’.

Estranho isso, não? Porém bastante compreensível. Eu ousaria dizer, que sofre quem não sabe desejar. Apesar de bem estranho, é simples, um pessoa viver sem desejar é impossível, no entanto vemos pessoas felizes andando por aí, acredito. O sofrimento não é uma espécie gripe que se pega pelo ar, o que aumenta substancialmente a chance de haver pessoas felizes por aí.

Eu mesmo me questionei quando pensei em uma pessoa que saiba desejar, o desejo parece ser uma coisa tão instintiva, quase animal. Mas pense comigo, o desejo não pode nos submeter aos seus desmandos de tal forma que prive a nossa liberdade  e a nossa possibilidade de sermos felizes e estarmos em paz , sem sofrer! Está aqui o maior dos problemas, como conter o desejo para sermos mais felizes? E aqui entra a identidade particular, assim digo, por que acredito que cada um deve achar a sua própria  maneira de se ajudar.

Para e pensar como se ajudar pode ser o primeiro passo. Me deparo novamente com uma “nota distintiva de ser pessoa” de Mounier. A resposta pode-se estar em recolher-se, abdicar, jejuar das coisas do mundo, para entende-las melhor.

Apesar de tão selvagem, o sofrimento pode ser domado, nada pode nos privar de viver, nem de sermos felizes. O desejo é uma parte do que somos, nós não somos derivações do desejo. O nosso mundo é uma imagem do que somos, assim como dizem que somos aquilo que comemos, o nosso meio é feito daquilo que somos, pessoas felizes podem fazer um mundo mais uniforme.  

A felicidade é um presente pra quem sorri apesar de tudo. E eu não vejo outra missão humana maior do que ser feliz, pelos seus mais diferentes meios e fins!

 

 

 

Ps. Ninguém está livre de efêmeros e esporádicos sofrimentos, afinal de contas somos humanos, novamente, no sentido mais próprio desta palavra!

Welder Andrade

Quem é você? ( recolhimento de Mounier)

novembro 8, 2008 - 2 Respostas

Quantas vezes nós ouvimos perguntar: Quem é você? E as respostas são as mais variadas: esposa da alguém; fulano, doutor em algo; pai ou mãe de alguém, etc. Mas quem é você? Não perguntaram sobre seus filhos, sobre o que você faz, ou sobre a pessoa com quem se casou. Às vezes não respondemos quem somos pelo simples fato de não sabermos. Para isso nos serve o recolhimento, para descobrir sua própria natureza, e quem fundamentalmente somos.,

Quando nos recolhemos trazemos para nós também experiências vividas com os outros, o que nos torna mais completos e passíveis à compreender o que está ‘fora de nós’. Quando nos recolhemos deixamos para trás as bagagens desnecessárias, nos livramos de pesos excessivos e inúteis para a construção da nossa identidade pessoal. O recolhimento é algo tão importante que as religiões, cada qual a sua maneira, têm um período de jejum instituído, como um meio de purificação, como um meio de entender as necessidades das outras pessoas.

Entenda-se então como recolhimento, este movimento de sístole e diástole, mister para a nossa construção humana, para a construção da nossa identidade própria, o que nos transforma em HUMANOS, no mais próprio sentido desta palavra.

 

Fiz essa anotação durante o encontro do ‘Café com Sócrates’ deste sábado, enquanto discutiam Mounier e as suas notas distintivas de ser pessoa, fui captando um pouco do que cada um podia transmitir. Essas aulas são verdadeiras terapias!

 

 

 

Welder Andrade

Entre lagartixas e jacarés

novembro 7, 2008 - Leave a Response

Durante toda a minha vida escutei que ‘quem nasce lagartixa nunca chega a jacaré’, mas seria isso realmente verdade?

Pois é, há cerca de 47 anos nasceu uma lagartixa no Havaí, filho de queniano com um americana, quem daria status ‘jacaré’ para um negro havaiano. Essa lagartixa era totalmente desacreditada , morou na Indonésia com a mãe e o padrasto e depois de anos voltou aos Estados Unidos para viver com a avó.

Mas quem diria, a lagartixa estudou ciências políticas na Universidade de Columbia em Nova York, e mais tarde formou-se advogado pela Universidade de Harvard. Olha só a lagartixa engrossando o couro.

Essa semana o então transformado em jacaré  tornou-se o rei do lago e mostrou a águia americana a força de uma militância ansiosa por uma limpeza no lago sujo.

A lagartixa então virou jacaré, Barack  então virou Obama, e deu uma nova tônica de mudança no marasmo republicano em que se afundou a maior economia do mundo.  O mundo passou a temer e ter um certo asco do lago chamado Estados Unidos, do sonho americano foram acordando cada um dos sonolentos, as maiores nações do mundo olharam com olhos tortos , mas só olharam, alguns jacarés vermelhos, aqui no hemisfério sul, até abanaram o rabo pra machucar, mas não tiveram muito sucesso.

Agora parece que a figura mudou, e talvez o grande pântano em que vivemos possa estar em paz, assim espero, ou esperamos.  Há um vulcão havaiano expelindo esperança na pessoa do carismático Obama.

Amigo leitor, eu realmente tenho apostado as fichas em Obama, torci para que ganhasse e torço para  que correspondam as expectativas de todo um mundo de lagartixas que esperam uma sombra agradável e uma brisa leve para viver melhor.

 

 

 

Welder Andrade